quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Passional (Quase um samba)


Mais uma vez tudo se vai
sem eu querer
sem eu pedir
sem ter porque
sem ter valor
sem que eu possa ao menos me defender
Antes eu era só
não tinha dor
não tinha dó
Não tinha medo
era eu e mais ninguém
mais ninguém me avisou
me ensinou
me precaveu
me defendeu
Só me cobrou
só me ofendeu
só me acusou
só me forçou a fazer um mal maior que eu
E agora vou me fuder
vou me rasgar
vou me perder
vou me lascar
vão me prender
vão me linxar
enquanto você
vai ficar bem
com outro alguém
com outro Deus
com o teu Deus
pessa a ele pra cuidar de mim

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Utopia e Frigidez


Rabisco letras em seu muro
criando frases sem nexo
pra todo mundo entender
Grito pelas ruas,
danço com os mendigos,
canto músicas cafonas
e abuso sempre dos falsetes
Adoro esse tipo de falsidade
É a única que todo mundo engole,
aplaude e pede bis
Mas pena que você não gosta de música,
ignora meus gritos
e nem tem jogo de cintura
Entra e sai mas não percebe sequer as cores da minha poesia
É a secura dos novos tempos
A vertigem do egoísmo
E nada faz sentido
Nada faz efeito
Meu amor
Como é difícil chamar a sua atenção

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Distante

E o tempo passa
e tudo fica mais longe
as casas, as ruas, os seres
inúmeras vidas
Convivência nula
muita consideração
muito sentimento
mas pouca presença
respeitar e respeitar
Vontade de te ver por aqui
ou por aí
ou sabe Deus por onde
Aonde iremos nos encontrar novamente?
qualquer lugar
pode ser
a qualquer hora
pode ser
pode ser
pode ser...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Máquina de fabricar ontem



Refletindo

Distinguindo

Resistindo

Insistindo

Resumindo

Existindo

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre o outro lado



Garantia de que?
do que?


pra que?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da retina ao espírito


Agindo de forma perceptível
Observando o que antes era quase invisível
percebendo a existência das coisas
dos seres
Sentindo até mesmo,
o vácuo deixado pelo nada
Olhar aguçado perante ao mundo
A cada passo,
a cada gesto,
a cada som
enfim,
sentindo a intensidade com o pé no freio
e de certa forma,
Abandonando o hábito de viver intensamente
guardando os excessos
e vendo o meu mundo,
o meu dia a dia
com novos olhos
Agora estou sentindo o gosto da vida
estou mastigando os dias calmamente
e antes eu apenas engolia o pesar dos dias,
das vivências e das horas
E só por hoje,
me sinto bem melhor

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nem se fosse feita pra mim...

Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta....

Cartola

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sobre as alegrias


Foram poucas
porém,
boas
Foram boas
porém,
poucas
Poucas e boas
porém,
se foram

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Manhã quase tarde


De longe são as mais doloridas
São fotos e fatos
Recordações e acontecimentos
E tudo parece fazer chorar
Fazer sangrar
Fazer doer até a alma

Devemos ser fortes minha amiga
E olha que isso eu escuto a quase três décadas

Mas meu amigo,
porque cargas d'agua nunca levamos isso a risca
e continuamos pele e osso?
Numa fraqueza de querer entorpecer
Beber a vida inteira em grandes doses
De se trancar no quarto e odiar injustamente todo mundo

Vai ver nunca esqueceremos os problemas
mas, ultimamente tenho praticado a arte de esnobá-los
Fingir de cego as vezes é bom
Deixar tudo o que magoa com cara de tacho
Uma peça teatral perfeita

Se a gente não consegue esquecer,
Talvez agindo assim
os fantasmas tomam nojo da gente
e se desolve um pouco
Vamos encarar de peito aberto e olhos fechados
Quem sabe não passa

Vai passar
Vai passar...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Carvoeiros


Na tristeza de uma natureza morta
Os calcanhares cansados que já não se movimentam
Um calor tão intenso
capaz de desafiar o inferno
Rostos molhados e olhares sem esperança
A vontade de vencer é menor do que a concordância da realidade
Já não há esperança
Nada como viver sem esperar nada da vida
Sem sonhos
Sem planos
Porque doi tanto viver sem utopias?
Sem acreditar em mentiras
Em livros antigos
Sem jamais pronunciar a palavra destino

terça-feira, 20 de julho de 2010

Eloquência



Quase acreditei que era por brincadeira
Fazer o mal sem possuir a maldade
A arte de enganar o mais esperto dos iludidos
e enxergar arte na ilusão da esperteza
Sem inspiração
Um sorriso mal pintado
Tinta, pincel e tela da pior qualidade
Dessa forma,
não enganarás ninguém!
Nem mesmo o mais embaçado dos espelhos.

Crise



Fartura de sensibilidade
Entre um verso e outro
buscando por pra fora aquilo que sinto,
aquilo que vivo,
o que sonho
e até mesmo,
aquilo que invento
Deixo expostos todos os meus desejos
mas acredite,
faço tudo isso por não suportar sozinho
essa melancolia, essas dores,
essas alegrias,
esses fatos e ilusões que me empurram para a beira
que me convidam para a festa
que me interroga
faz de mim um menino
um velho, um tolo
um bobo, um fraco
que em crises bipolares se esconde do mundo
e sente tudo calado
prestes a entregar os pontos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Zé calado



José calado caminha com passos largos,
roupa amarrotada e embrulho debaixo do braço.
Me indaga aquele olhar juvenil enfeitando um rosto farto de rugas e pêlos
me passa um ar de satisfação.
Aí tem...
Aí tem...
Meu Deus! será que...
Não, não faz o tipo dele
tranquilo demais pra correr tamanho risco
Preciso descobrir!
maldita curiosidade
Obsessão por aquilo que me atiça
O porque dos passos largos?
Porque aquele meio sorriso?
Porque tanta juventude no olhar?
Um homem sempre sério
castigado pela vida
pelos dias
Melhor eu me conter
e deixar que ele curta aquele momento solitário de secreta alegria
Não devo atrapalhar
Me corroer sim,
atrapalhar não
Pobre Zé calado
Entrou em casa olhando como se estive atravessando uma rua
olhou para um lado
olhou para o outro
Se estrovou com o grande número de chaves
Pobre zé,
Com muito custo pegou a chave certa
O que será que tem naquele embrulho?
Essa pergunta volta a atacar enquanto ele fecha a porta na cara da minha curiosidade.


Meses depois descobri que aquilo que Zé calado carregava embrulhado em papel de pão era apenas um radio gravador
Zé calado fazia jus ao teu nome e só se abria a si mesmo.
E a noite enquanto o mundo inteiro dormia, Zé calado ensaiva extensos diálogos de um homem só.
Pobre Zé
Pobre Zé

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ao meio


Acreditando em mentiras
Transformando em meias verdades
Buscando alívio no que não existe
Realizando o desejo de quem jamais esteve alí
Como é difícil aceitar
quando o que está em jogo é uma imensa perda de tempo
Virar as costas e fechar os olhos,
buscar na escuridão um novo caminho
Uma pena não ser tão simples assim
Ficaram as marcas
e nas paredes sujas escreveram o meu diário
e quanto mais eu tento apagar,
surgem novas palavras,
novas passagens,
descrições de momentos que nem sei ao certo se vivi
E tudo fica fora de mim
perco o sentido
então, procuro ajuda
e volto a transformar as mentiras em meias verdades
Talvez esse seja o caminho
viver em mentiras
em meias mentiras
em meias verdades
Talvez essa seja a escolha incerta.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Em uma cidade muito longe, muito longe daqui...

Uma praça
Uma senhora louca semi nua
Cachorros,
mendigos
vitrines
Sonhos e consumo
No fundo,
todo mundo quer comprar

Viados aliciando menores
Não, não é denuncia
No fundo a mulecada adora
um pastel,
uma coca,
o primeiro gozo
Se não morrer,
terá história pra contar

Meninas esqueléticas
de pele manchada
lábios queimados
velhos tarados
droga barata

Lei que não pune
Lei que solta
Policia que corrompe
que bate na mulecada
que contrata as meninas esqueléticas
para animar orgias em casas afastadas
Não,
isso também não é uma denúncia
No fundo todo mundo quer se envolver com o poder

Hospital lotado
Funcionários amargos
mal pagos
Doentes mal tradados
Se tem vaga não tem médico
se tem médico
não tem vaga
"Acostume-se"
Essa é a nossa regra

E por aí vai...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A margem

Mesmo que não queira mais a minha atenção
Mesmo que meus olhos não te enxergue mais
E mesmo que meus passos deixem de segui-la
E que minha boca deixe de cantar
Canções tão tímidas
Que rasgam a alma
Não deixarei de desejar a sua alegria
Quando as tuas cartas me socam o coração
Letra por letra engulo o teu punhal
Um telefonema,
Um bom dia
E nada mais
Se transformam em livros, catálagos de emoções
Palavras vazias
Não preenchem a alma
E essa sinfonia de amor
Mistura tudo o que eu sinto

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Surto com letras grandes


Receite um remédio
Me cure do tédio
Assombre minha casa
Arranhe meus discos
Me ache esquisito
Me arranque um sorriso
Critique minhas roupas
Me vista de louca
Me fale bobagens
Me estupre os ouvidos
Me mostre o perigo
Me empurre da escada
Vamos dançar na rua
Me empreste o teu carro
Me leve pra lua
Me fale de amor
Me cuspa na cara
Me inveje e ignore
O meu ponto de vista
Se toque fascista
Não venha com ouro
Não conte piadas
Não fale dos outros
Acorde pra vida

quarta-feira, 2 de junho de 2010

E agora a tragédia


Meu repertório de bobagens
de vacilos
de asneiras
está chegando ao fim
Me cansei de servir de palhaço
pra esse circo
que não tem cor
nem alegria
só tem platéia
de gente chata
de gente feia
sem coração
Enquanto vou guardando as minhas tralhas
vou recordando
velhos olhares
jovens olhares
que hoje estão velhos
estão tão secos
estão mais sérios
maldita vida
que só impõe
e nada mais importa nada
Já me cansei de ser palhaço
já me fartei de tanto esforço
por que a tendência é piorar
A demagogia venceu a arte
venceu os lares
venceu as praças
botou no bolso
e se mandou
e nada mais importa nada
É pé na bunda
É baixaria
É picuinha
É convardia
É maldição
Podem me chamar de fraco
Podem me chamar de franco
mas a verdade é a verdade
não quero ser o tal
É tanta palhaçada nesse circo tão sem graça
que a carreira desse velho palhaço desgraçado
está chegando ao final.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Solitude


Vigia todos os meus passos
Revira todos os meus livros
Me dá dicas de moda
Me explica a ruindade humana
Apaga os meus sonhos lunáticos
Me faz sentir a dor da verdade
Compreende o meu sacrifício
Sequestra o meu telefone
É ciumenta
Mesquinha
Não aceita dividir o nosso amor
Se sente a dama da noite
Se acha a dona da festa
Faz cara de quem não me agrada
Mas sempre me pega de jeito
Suas garras de cachorro louco
Me rasgam em uma cama vazia
A luz do sol pela sala
Me torna um ser miserável
Rabisco na parede do quarto
Escrevo milhares de nomes
Mas não conheço ninguém
Não conheço ninguém
Nessa terra estranha
Eu não conheço ninguém

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Tudo aquilo que foi ontem


Não vá
O temporal ainda está lá fora
Não abra a janela por favor
Me cubra contra o frio que avança
Oremos pra que tudo isso acabe
A sua fé vale ou não a pena?
Será que eu mereço confiança?
Aguentarei o quanto eu puder
A força das virtudes está na vida
As folhas mais bonitas já cairam
O outono esse ano está denso
espero sempre por dias melhores
A esperança é o que nos guarda
da desistência tola que nos acompanha
Me olhe com olhar de confiança
Não despreze a presença da amizade
O amor nem sempre está em teu sorriso
mas, lágrimas de medo também valem
Aquele livro pode estar errado
Mas nesse entardecer,
o que será o certo?
Desejo é aquilo que nos falta
Verdade é tudo o que oprime
A noite já está chegando
O sono tenso e morno cairá
E amanhã quando a realidade emergir
ouviremos os gritos das crianças brincando.

sábado, 8 de maio de 2010

figurante invisível

Reciclando velhos hábitos
velhos costumes
Reclusão intencional
só pra refletir
Pensar em tudo
Pensar em nada
Apenas me afastar
Sem dores,
sem flores e sem amores
Não quero levantar a bandeira de sentimento algum
Apenas me afastar
Dar um tempo a inquietude
Curtir cada centimetro da casa
Aguar as plantas,
organizar minhas coisas
Talvez eu pinte um quadro
Talvez...
Contrariando a canção,
eu sei que ha tanta vida lá fora
mas a minha está aqui,
quietinha,
tranquila,
entre a calmaria e o silêncio
Não é nenhuma fulga
apenas fechei as janelas
Não quero ver o mundo por algum tempo
Por enquanto,
quero ser apenas um figurante invisível na peça do viver
E no dia em que o tédio me abraçar,
arrumo as malas
e viajo para o outro lado da rua

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ele está por aí


Uma notícia que intrigou o Cabrini
Traumatizou o Mané da banca
Deixou a rádio fora do ar
Dizem que o ladrão de assovio ronda por aí
O pedreiro trabalha sismado
lá no alto da contrução
Dona Francisca só lava roupa
depois de olhar atrás da casa
O açougueiro confere sempre se tem alguém dentro do freezer
João do bigode suspeita de todos que escoram no balcão
A mulecada agora só chama o zeca
tocando a campainha
E o cara de bem com a vida finge ter depressão
E eu a dias não ouço musica
Pois não quero estampar a capa de nenhum jornal

segunda-feira, 3 de maio de 2010

E vai rasgando...

Porque fui falar
Agora tenho que sustentar
uma verdade mais medonha do que a mentira
escancarar pra todo mundo o que eu vi
o que eu senti
o que eu vivi
Nunca mais eu vou sair
da cama as nove da noite e procurar algum remédio
alguma voz
pra clarear e espantar todas as nuvens negras
e idéias estranhas
que pairam no ar
um ar pesado
um ar sombrio
que nem o vento mais fresco
de balançar o galho consegue mudar
Se segura meu amigo
As coisas são tão simples de se complicar
sejamos mais férteis
sejamos mais úteis
Mais verdadeiros
De mentira já estamos fartos
Vai lá dona Maria
e prepare aquela sopa de esquentar o peito
bem, mas, bem caprichada
Quero ver o suor escorrendo no rosto
na cara lavada de todos nós
arregalhe bem os olhos pra não perder a passagem da beleza
ela passa na velocidade da luz
e se a gente cochilar
bye bye
até o próximo cometa halley baby
Verdade, beleza e descaramento
a chapa esquentou
E como Gerson King Combo,
Eu tenho um vulcão dentro de mim
Preparem seus ovidos inflamados
porque essa brasa meu cumpade,
vai ser difícil de apagar.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

E a gente ri

Sinto o cheiro do teu nome
o gosto da tua voz
A cor dos teus olhos
colorindo quadros que se movimentam por toda a sala
Essa independente dependência de você
do teu cheiro,
da tua voz,
do teu olhar
Dependência independente de qualquer voto de amor
de qualquer obrigação de amar
Sem juras
apenas a satisfação de estarmos juntos
E as coisas se tornam mais belas
os detalhes mais importantes
e os dias mais suportáveis
Viver já não nos assusta mais

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Assim

Ainda abençoado e maravilhado com gotas de uma felicidade momentânea,
porém intensa,
alivio uma tensão que tanto me ardia no peito
espanto uma sombra que me espreitava pela janela
sem nada dizer
Compartilhando um vinho branco invisível,
uma amiga me disse adorar a simplicidade
e fuçando nos meus botões
eu percebi que a simplicidade tem um poder incrível.
A simplicidade é estrategista
ela não se exibe,
não se mostra
ela ataca a gente na calada das idéias
pegando o negativismo com as calças curtas
e aí já era.
Quando a gente percebe
já estamos com um sorriso, sei lá de que cor ,
escancarado pra vida
ou apenas para aquele momento
Essas coisas deveriam atacar as pessoas mais vezes
Nem que seja aos poucos
regrados a conta-gotas
porém, com um efeito intenso.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Bobagens também curam

A arte de sair do sério
uma notícia,
um fato,
uma piada qualquer
Bobagens cortam uma depressão ao meio
Vou jogar meus remédios fora
na pia do banheiro talvez
Não.
Será no vaso sanitário
pois assim jogo fora os remédios,
horas e horas de conversa fiada com o psicólogo
E enquanto a agua gira
penso:
Médico e seus remédios
Psicólogo e sua conversa fiada
juntando os dois,
ou os quatro,
não faz uma do jãozinho

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sem Mandamentos

sábado, 3 de abril de 2010

O tempo está em família


Tocando um violão sem corda
só para discordar
Acordar as seis
pra dividir o meio dia
Escutar vinil
só pra tentar voltar no tempo
Falar do tempo que nunca vivi
mas que foi o melhor
segundo o meu pai
discordando a opinião do meu avô
E daqui uns 20 anos
meu filho certamente
discordará de mim
e tocará um rock desses bem distorcidos
neste velho violão sem corda
só para discordar.

terça-feira, 30 de março de 2010

Na falta de ser, suma


Todas as intenções voltadas para um reencontro
Uma passagem,
Um trem,
um avião,
Um ônibus sujo e suburbano qualquer
Um corrida de acelerar o coração
um tropeção
Setas que não indicam caminho algum
setas pra que?
sei aonde você mora
mas não sei em que rua você se esconde
Por favor senhora, você poderia me infor...
a pressa de todos os dias soam como um NÃO
até mesmo para os ouvidos do otimismo e da esperança
Talvez eu esteja sendo procurado
Talvez por todos
Talvez por ninguém
sei lá
Quando foi que me encontrei pela última vez?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Calibre

Costurando saídas
Assentando portas em paredes invisíveis
Tentando me refugiar em um quarto de concentração qualquer
Eu não prometi que seria forte
ao me deparar com tudo isso
Disse que me cuidaria
mas, foram só palavras
Força, apenas de expressão
Pois um fraco de coração
sofre sempre um pouco mais do que merece
Chora mais do que deve
E ama muito mais do que suporta
Na carne crua
Na mente tola
Na boca porca

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Andrei Romanovich Chikatilo

Rasguei mais uma foto imaginária
Mais uma recordação cai por terra
A incrível vontade de viver
e esmagadora tensão de carregar um saco cheio de más recordações
Identidades reveladas
verdades obscuras
Meus medos expostos como mercadoria barata
Vingar é preciso
Odiar é necessário
Não tem outra forma
outra solução
Perdoar seria um ato falho
já que não é isso que o meu coração deseja
Estou cansado
Com fome
E toda vez que esses pensamentos vem a tona
me sinto um monstro acoado
perseguido por centenas,
milhares de cegos
armados e incapacitados de enxergar a verdade
Por favor me deixem em paz
Não quero mais pensar
Não quero mais lembrar
Já estou cansado
A culpa é toda deles
A culpa é toda deles

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Dormir


Abri a janela
Fiquei pensando em tudo o que acabara de sonhar
Uma pena já ter virado cinza em alguma realidade paralela
Nunca sonhei com coisas mirabolantes
nunca me tornei rei, milionário
ou algum cara descolado rodiado por belas mulheres
Os meus sonhos sempre foram simples
acredito que é por isso que sempre quando acordo
abro a janela e começo a pensar nas coisas que sonho
porque meus sonhos estão sempre a altura da minha realidade
então acordo sempre ofegante, mau humorado e cansado
mas não me encomodo com isso
afinal, pra que sonhar com coisas grandes?
O meu Reino derreterá ao nascer do sol
todo o meu dinheiro pegará fogo
e as belas mulheres,
me deixarão quando o despertador tocar
Sonhar nem sempre é fugir da realidade
é simplesmente se iludir
e dessas coisas,
eu entendo muito bem.