quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Punhos



Caía a chuva
Caía os dentes
Caía a máscara
Caía tudo aquilo que um dia alguém me disse ser prudente
Ser intocável
Inviolável
É impressionante como a língua se intimida
quando está frente a frente com o olhar
E o perigo eminente passa rente
Como uma bala disparada na friagem de uma conversa vazia
Queima de arquivo
Queimaram as palavras
Sumiram as provas do meu existir
Gritava alto
Sonhava baixo
E na leveza do pesar do conciente inconsciente
mas ciente de que isso não era para ser assim
Seria assim?
Seria assado?
Pouco me importa
Tomei a atitude de não me mover
E nunca me senti tão sábio

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Na carne



Ferva a tua boca
e escalde a minha lingua
Quero sentir teus impulsos
desejos e vontades expulsos da mente
derramados por todo o teu corpo
Salíva sabor batom
Perfume de carne viva
cheiro de pele quente
entrelaçadas feito um só tecido
Respiração contínua
Expiração quase eterna
dialétos indecifráveis
Amor a perder de vista
Mesmo que por uma noite