quinta-feira, 8 de julho de 2010
Zé calado
José calado caminha com passos largos,
roupa amarrotada e embrulho debaixo do braço.
Me indaga aquele olhar juvenil enfeitando um rosto farto de rugas e pêlos
me passa um ar de satisfação.
Aí tem...
Aí tem...
Meu Deus! será que...
Não, não faz o tipo dele
tranquilo demais pra correr tamanho risco
Preciso descobrir!
maldita curiosidade
Obsessão por aquilo que me atiça
O porque dos passos largos?
Porque aquele meio sorriso?
Porque tanta juventude no olhar?
Um homem sempre sério
castigado pela vida
pelos dias
Melhor eu me conter
e deixar que ele curta aquele momento solitário de secreta alegria
Não devo atrapalhar
Me corroer sim,
atrapalhar não
Pobre Zé calado
Entrou em casa olhando como se estive atravessando uma rua
olhou para um lado
olhou para o outro
Se estrovou com o grande número de chaves
Pobre zé,
Com muito custo pegou a chave certa
O que será que tem naquele embrulho?
Essa pergunta volta a atacar enquanto ele fecha a porta na cara da minha curiosidade.
Meses depois descobri que aquilo que Zé calado carregava embrulhado em papel de pão era apenas um radio gravador
Zé calado fazia jus ao teu nome e só se abria a si mesmo.
E a noite enquanto o mundo inteiro dormia, Zé calado ensaiva extensos diálogos de um homem só.
Pobre Zé
Pobre Zé
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Um comentário:
Maravilhoso Rê...Aplausos de pé!!!!A eterna e doce poesia do cotidiano...A infinita doçura...Gostei muito Rê!
Sempre sua fã...
Bjks
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