quarta-feira, 26 de maio de 2010

Solitude


Vigia todos os meus passos
Revira todos os meus livros
Me dá dicas de moda
Me explica a ruindade humana
Apaga os meus sonhos lunáticos
Me faz sentir a dor da verdade
Compreende o meu sacrifício
Sequestra o meu telefone
É ciumenta
Mesquinha
Não aceita dividir o nosso amor
Se sente a dama da noite
Se acha a dona da festa
Faz cara de quem não me agrada
Mas sempre me pega de jeito
Suas garras de cachorro louco
Me rasgam em uma cama vazia
A luz do sol pela sala
Me torna um ser miserável
Rabisco na parede do quarto
Escrevo milhares de nomes
Mas não conheço ninguém
Não conheço ninguém
Nessa terra estranha
Eu não conheço ninguém

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Tudo aquilo que foi ontem


Não vá
O temporal ainda está lá fora
Não abra a janela por favor
Me cubra contra o frio que avança
Oremos pra que tudo isso acabe
A sua fé vale ou não a pena?
Será que eu mereço confiança?
Aguentarei o quanto eu puder
A força das virtudes está na vida
As folhas mais bonitas já cairam
O outono esse ano está denso
espero sempre por dias melhores
A esperança é o que nos guarda
da desistência tola que nos acompanha
Me olhe com olhar de confiança
Não despreze a presença da amizade
O amor nem sempre está em teu sorriso
mas, lágrimas de medo também valem
Aquele livro pode estar errado
Mas nesse entardecer,
o que será o certo?
Desejo é aquilo que nos falta
Verdade é tudo o que oprime
A noite já está chegando
O sono tenso e morno cairá
E amanhã quando a realidade emergir
ouviremos os gritos das crianças brincando.

sábado, 8 de maio de 2010

figurante invisível

Reciclando velhos hábitos
velhos costumes
Reclusão intencional
só pra refletir
Pensar em tudo
Pensar em nada
Apenas me afastar
Sem dores,
sem flores e sem amores
Não quero levantar a bandeira de sentimento algum
Apenas me afastar
Dar um tempo a inquietude
Curtir cada centimetro da casa
Aguar as plantas,
organizar minhas coisas
Talvez eu pinte um quadro
Talvez...
Contrariando a canção,
eu sei que ha tanta vida lá fora
mas a minha está aqui,
quietinha,
tranquila,
entre a calmaria e o silêncio
Não é nenhuma fulga
apenas fechei as janelas
Não quero ver o mundo por algum tempo
Por enquanto,
quero ser apenas um figurante invisível na peça do viver
E no dia em que o tédio me abraçar,
arrumo as malas
e viajo para o outro lado da rua

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ele está por aí


Uma notícia que intrigou o Cabrini
Traumatizou o Mané da banca
Deixou a rádio fora do ar
Dizem que o ladrão de assovio ronda por aí
O pedreiro trabalha sismado
lá no alto da contrução
Dona Francisca só lava roupa
depois de olhar atrás da casa
O açougueiro confere sempre se tem alguém dentro do freezer
João do bigode suspeita de todos que escoram no balcão
A mulecada agora só chama o zeca
tocando a campainha
E o cara de bem com a vida finge ter depressão
E eu a dias não ouço musica
Pois não quero estampar a capa de nenhum jornal

segunda-feira, 3 de maio de 2010

E vai rasgando...

Porque fui falar
Agora tenho que sustentar
uma verdade mais medonha do que a mentira
escancarar pra todo mundo o que eu vi
o que eu senti
o que eu vivi
Nunca mais eu vou sair
da cama as nove da noite e procurar algum remédio
alguma voz
pra clarear e espantar todas as nuvens negras
e idéias estranhas
que pairam no ar
um ar pesado
um ar sombrio
que nem o vento mais fresco
de balançar o galho consegue mudar
Se segura meu amigo
As coisas são tão simples de se complicar
sejamos mais férteis
sejamos mais úteis
Mais verdadeiros
De mentira já estamos fartos
Vai lá dona Maria
e prepare aquela sopa de esquentar o peito
bem, mas, bem caprichada
Quero ver o suor escorrendo no rosto
na cara lavada de todos nós
arregalhe bem os olhos pra não perder a passagem da beleza
ela passa na velocidade da luz
e se a gente cochilar
bye bye
até o próximo cometa halley baby
Verdade, beleza e descaramento
a chapa esquentou
E como Gerson King Combo,
Eu tenho um vulcão dentro de mim
Preparem seus ovidos inflamados
porque essa brasa meu cumpade,
vai ser difícil de apagar.