quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Coma

Respiração cada vez mais cinza
Pensamentos simbólicos
Desejos abstratos
Ideais ocultos
Relaciono a fadiga com os fatores
E o resultado é febril
Por onde andei?
Que cama é essa?
Qual corpo é o meu?
Difícil tentar melhorar a visão perante o mundo
Quando não nos sentimos em casa
Nem mesmo dentro de nós mesmos
De certa forma,
Chega a ser ridículo
Aperto os olhos procurando ver através da luz
A cura,
A salvação
Talvez estejam perto
Talvez estejam longe
Talvez nem existam
Mas nem por isso vou perder a chance de talvez me enganar
Nos dias quentes a frieza me ataca
E nas noites em que me perco no calor das angústias
Não consigo relacionar realidade com delírio
Aí entra o sono e lava tudo

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Ganges nosso de cada dia



É na luxúria do tempo
Na gula das horas que nos engole aos poucos
que nascem as incertezas,
os medos
Perguntas martelam na mente o tempo todo
nos reduzndo cada vez mais
até que o sentimento de inferioridade nos cubra por completo
E assim, as verdades são mantidas em segredo
em grandes cofres trabalhados em ferro bruto
simbolizando a avareza do existir
Temos as chaves
mas perdemos as forças
E então nos rendemos
escravizados, pobres e fracos
mortos de sede
agonizando a margem do rio da ignorância
e a única opção é nos fartar de sua agua imunda
Somos cegos demais para reparar tamanha impureza
A fé no amanhã também nos faz sangrar

domingo, 9 de janeiro de 2011



Contando as horas
Riscando a parede suja dessa pensão indigesta
Cai a chuva
conto as gotas pra não enlouquecer
Idéia de indio?
talvez
mas o que o mundo de lá não sabe,
é que o relógio do lado daqui é retrógrado
não se ganha um minuto
ao contrário,
por aqui se perde dias, semanas, meses,anos...
Todo o seu passado de benfeitorias não significa nada
São várias mentes
poucos amigos
vários códigos
mas poucas palavras
Como é dificil se sentir humano por aqui
e a definição de "gente",
se torna uma coisa abstrata
Ilustrações e nada mais




Dedicado aos corações que vagam pelos becos sujos do viver